Quem trabalha no comércio sabe que todo cuidado é pouco na hora de abrir um crediário. De acordo com a Serasa Experian, o Brasil sofre com 3,7 tentativas de fraude com documento falso por minuto. O que fazer para não cair nesses golpes?
Para o especialista em crédito e cobrança do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), Valdemir Manoel da Silva, a melhor maneira de evitar que esses crimes aconteçam é a prevenção. Ele conta que vésperas de feriado e sexta-feiras, no final da tarde, são os momentos mais escolhidos pelos golpistas para aplicarem as fraudes, já que as lojas costumam ter mais movimento e os colaboradores estão mais dispersos. Na segunda quinzena do mês, por volta das 15h, também é uma época que os golpistas costumam agir, já que há pouco movimento, quase nada de venda na loja e é feita apenas uma consulta básica sobre o “cliente”.
Segundo Silva, investir em ferramentas com um amplo banco de dados para consulta é uma das melhores formas de se prevenir das fraudes. “O SPC é uma ótima opção para dar mais segurança nas decisões de concessão de crédito”, afirma. O especialista garante que se capacitar sobre o assunto é imprescindível. “A AEMFLO e CDL São José têm um curso bacana que pode ajudar: Análise de Crédito e Cobrança de Inadimplentes. Mas não fique só na teoria, coloque o que vai aprender em prática!”, diz.
Silva também indica o site do Dr. Denis Siqueira, que tem bastante informação sobre o assunto. “É bem interessante e sempre tem fóruns de discussão sobre análise de crédito e cobrança de dívidas”, relata.
O especialista explica que, se o seu comércio sofrer um golpe, vá a polícia imediatamente. “Faça um boletim de ocorrência, pois se não há registro, não há crime. Avise as entidades de classe da sua região sobre o ocorrido, para que informem às outras empresas e, assim, evitar futuros golpes”, afirma.
Como se proteger
Para finalizar, a Serasa dá 10 dicas para evitar golpes no seu comércio:
1 - Peça ao cliente que apresente os documentos originais (RG, CPF ou CNH)
2 - Verifique os documentos com atenção. Uma foto recente em uma carteira de identidade emitida há 20 anos, por exemplo, é um indício de falsificação.
3 - Compare as informações dos documentos apresentados. O nome deve estar exatamente o mesmo no RG e no comprovante de residência, por exemplo. Estranhe se a identidade pertencer a Carlos da Silva Batista e a conta de luz for registrada em nome de Carlos Batista: os golpistas sempre se aproveitam de pequenas variações na identificação.
4 - Utilize alguma ferramenta de análise de risco para o crediário.
5 - Fotografe o interessado em abrir crediário e monte um banco de imagens. Utilize webcams para o registro de quem entra ou sai da loja. O golpista vai pensar duas vezes antes de querer ter sua imagem registrada.
6 - Peça telefones residenciais para referência e faça a checagem imediatamente.
7 - Como Silva já explicou, redobre a atenção em vésperas de feriado, pois é o momento ideal para os golpistas agirem.
8 - Uma simples conversa durante o atendimento pode revelar indícios de fraude. Por exemplo, um colaborador checa o endereço fornecido pelo consumidor e verifica no Google Maps. Basta inventar um nome de rua e perguntar se fica próxima à casa do cliente. Qualquer sinal de hesitação é um indício de fraude.
9 - Crie protocolos para a abertura de crediário e treine seus colaboradores. A análise de crédito impede fraudes, mas não pode constranger o consumidor.
10 - Em último caso, o lojista deve pedir parte do pagamento, com um valor alto. Isso costuma afugentar os golpistas.