Florianópolis tem potencial turístico para ser o segundo lugar mais visitado por cruzeiros marítimos no Brasil. A opinião é do presidente da Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas (Abremar), Eduardo Vampré do Nascimento.
Ele fez uma explanação durante o seminário “Perspectivas do Turismo para o Desenvolvimento Econômico e Social de Santa Catarina”, realizado pela AEMFLO e CDL-SJ (Associação Empresarial da Região Metropolitana de Florianópolis e da Câmara de Dirigentes Lojista de São José) e pelo Porto Turístico Internacional de Santa Catarina, na última quarta-feira, 28 de maio, no Centro Multiuso, em São José.
Nascimento disse que, se a região tivesse um porto turístico para atracação de navios de cruzeiro, poderíamos no futuro vir até a ultrapassar Búzios (RJ), que conta com cerca de 130 escalas. “Florianópolis recebe hoje 13 escalas, sendo que em nenhuma delas há atracação. Isso quer dizer que o navio de cruzeiro fica apenas ancorado ao longo da costa. Por conta disso, os turistas perdem muito tempo para chegar até as praias. Por não ter um porto, os navios não podem ser abastecidos de combustível e alimentos frescos, fazendo com que a região perca milhares de dólares”, disse o empresário.
Ele fez um alerta às autoridades do turismo em Santa Catarina de que em razão da falta de infra-estrutura o estado está perdendo anualmente cada vez mais escalas de navios. “Por causa do baixo calado e dos riscos de navegação na região da Ilha de Santa Catarina, por exemplo, muitos comandantes não estão querendo nem mais ancorar por aqui, onde os ventos são muito fortes e dificultam o desembarque dos turistas”.
A estimativa da Abremar é de que o Brasil esteja recebendo cerca de 400 mil cruzeiristas por ano, que deixam no país 326 milhões de dólares (cerca de R$ 545 milhões). Segundo a entidade, este segmento turístico gera 38 mil empregos indiretos em território brasileiro. Nos EUA , esse número chega a 180 mil postos de trabalho e mais de 7,6 bilhões de dólares em salários.
O presidente da Abremar acredita que Florianópolis está deixando de receber mais de 10 milhões de dólares por ano, recursos que seriam deixados pelos turistas trazidos em navios de cruzeiro. Ele fez questão de ressaltar que é um equívoco acreditar que esse tipo de turista não é bom para a região. Segundo ele, existem empresários que, por falta de informação, imaginam que o turismo de cruzeiro não gere hóspedes no local, uma vez que os passageiros dormem no navio e não trazem benefícios para a rede hoteleira da região. “Isso não é verdade, pois os cruzeiros despertam o interesse pela região, são a propaganda ao vivo dos hotéis e incrementam em mais de 40% o comércio local”, garante Nascimento. “São estrangeiros que de outra forma dificilmente tomariam conhecimento das belezas e das condições de hospedagem da região, fazem a divulgação do destino turístico, acabam voltando e trazendo mais pessoas”.
O prefeito de São José, Fernando Elias, disse que falta pouco para que a região retome sua verdadeira vocação. “O antigo porto do Estreito já pertenceu a São José”, lembrou Elias. “Temos boas rotas para a navegação, alguns canais foram assoreados, é verdade, mas falta pouco para revitalizarmos o que já foi no passado nossa principal alternativa de transporte de passageiros e cargas”. Para ele, é imprescindível que o Governo do Estado viabilize a realização dos estudos de gerenciamento costeiro, orçados em R$ 3,5 milhões.
O vice-presidente da AEMFLO e CDL-SJ, José Maciel Neis, disse durante o evento que o projeto do Porto Turístico tem tudo para dar certo e que as críticas são normais. “É preciso coragem para sonhar e enfrentar os desafios”.
O seminário teve também a participação do presidente da ACIF (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), Dilvo Tirloni, e de representantes da Embratur, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, além do sócio do Porto Turístico Internacional de Santa Catarina, Ernesto São Thiago.
Seminário Perspectivas do Turismo para o Desenvolvimento Econômico e
Social de Santa Catarina foi realizado no Centro Multiuso, em São José
Presidente da Abremar: Eduardo Vampré do Nascimento