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Projeto Mulheres no Poder: Mudando as Regras do Jogo

24/09/2008

A diretora de Responsabilidade Sócio-Ambiental da AEMFLO e CDL-SJ, Maria Helena Balthazar, e integrantes da Casa da Mulher Catarina e da BPW (Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais da Grande Florianópolis), receberam candidatas à vereadora da região metropolitana de Florianópolis, ontem, na sede da entidade, em São José.

Embora 121 candidatas dos municípios de Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu tenham sido convidadas, apenas três compareceram ao encontro. “O que reflete o grau de desmobilização da mulher em relação à política”, observa Maria Helena. “Mesmo assim, o encontro foi um sucesso, pois foi muito rico”.

Márcia Rila (PDT), Tânia Ramos (PSOL) e Valéria Carvalho (PT), candidatas em Florianópolis, apresentaram propostas sobre meio ambiente, violência contra a mulher e trabalho e renda.

O evento foi aberto pela diretora da Casa da Mulher Catarina, Neusa Dias, que ressaltou a iniciativa das candidatas e falou das atividades da instituição e ações voltadas à preparação política da mulher. “Estamos mudando a sociedade e mostrando que a mulher pode assumir cargos de mando”.

Márcia Rila cumprimentou a AEMFLO e CDL-SJ pela idéia do evento e salientou a importância de se conhecer as propostas e poder trocar experiências com outras candidatas. “Os candidatos a vereador quase não têm espaços para discussões; ficamos apenas assistindo os debates dos candidatos a prefeito”, lamentou. “Em 300 anos de Câmara de Vereadores na Capital, foram até agora apenas seis mulheres”.

Debate

Questionada sobre violência contra a mulher, Valéria Carvalho, que é professora universitária e assistente social no governo do estado, disse que os números são alarmantes e a preocupação maior é a efetivação da “Lei Maria da Penha”. Ela defende que esse é um problema que ultrapassa questões de gênero, classe social e grau de instrução. “Vemos casos de violência contra a mulher e a criança em todos os níveis”. Para ela, o grande desafio é criar uma rede de assistência social à mulher capaz de protegê-la e, ao mesmo tempo, fazer com que as leis sejam aplicadas.

Sobre o mesmo tema, Márcia Rila disse que o trabalho precisa ser feito em rede, de forma integrada. “Pouca gente se preocupa, por exemplo, com a violência psicológica que sofre a mulher, o medo, a coação; pretendo dar mais atenção a essa questão”.

Tânia Ramos observou que a criação da delegacia da mulher foi uma conquista. “O problema é que são muito poucas, se não me engano 11 em todo o estado”, criticou. “Hoje a mulher sente falta de segurança para denunciar; há casos em que o companheiro denunciado é preso e, depois de solto, volta para matar a mulher”.

Capacitação da mulher

Com 26 anos de trabalho em movimentos comunitários, Tânia acredita na necessidade de adotar políticas de prevenção para que haja inserção da no mercado de trabalho. Para ela, a maioria ainda está impedida, por questões  sócio-culturais, de exercer muitos cargos. Disse que, através do trabalho que faz em movimentos populares é fácil observar a “falta de educação” – as mulheres não chegam a ter o primeiro grau concluído. “Grande parte trabalha com material reciclado; temos que trabalhar a educação”. A preocupação dessas mulheres com a família (em geral problemas envolvendo álcool e drogas) é um entrave para fazer o trabalho de inserção, segundo ela. “Como trabalhar a cabeça dessa mãe, dessa esposa com problemas em casa?” Tânia acredita em trabalho efetivo e concursos e discussões com as mulheres sobre o assunto. “É preciso trabalhar, olhar a base, a ferida que está ali. Campo de trabalho a gente abre, mas e a qualificação?”
Para Valéria Carvalho, nessa questão do trabalho da mulher, é preciso evitar os modismos e seguir as tendências do mercado. “Não adianta a mulher aprender sempre os mesmos cursos, costura, fazer sabone, fabricar velas, essas coisas, se não houver uma demanda para esses produtos no mercado; a qualificação da mulher é que faz a diferença no mercado”.

Márcia Rila complementou destacando a necessidade de mais creches, a fim de permitir que a mulher possa ir trabalhar com tranqüilidade. “Não podemos esquecer que nem todas as mulheres trabalham no horário comercial; precisamos de creches funcionando 24 horas”.

Meio ambiente

“Temos que desmistificar a questão do meio ambiente”, defendeu Valéria Carvalho, para quem o grande problema hoje é a falta de saneamento básico. “Nossos índices são baixíssimos, comparáveis aos estados mais pobres do Brasil”. Para ela, a mesma preocupação que os órgãos ambientais têm com as florestas, com os mangues e outras áreas deveria ter com o problema do esgoto. “Temos um alto índice de reciclagem, mas no que se refere à coleta e tratamento de esgotos a situação ainda é primitiva”.

Márcia Rila acredita que a questão ambiental – inclusive do saneamento básico – deve ser tratada do ponto de vista educacional. Por isso, ela defende a inclusão do tema nas escolas públicas (atualmente não é obrigatório). Salienta que é necessário esclarecer que problemas como saneamento não são exclusivos de regiões carentes. Também ressalta a necessidade de uma fiscalização rigorosa. “A lei existe, só precisa ser cumprida. Nada é fiscalizado. Em países da Europa, quem joga papel na rua é multado”.


 

24/09/2008

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