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Por que a taxa de câmbio se valorizou tanto?

22/06/2007

Existe neste momento no mercado financeiro, muito analista econômico afirmando que num breve período de tempo, a taxa de câmbio brasileira poderá chegar a um nível abaixo de R$ 2,00. A taxa de câmbio corresponde ao número de unidades de moeda nacional (real) que são necessárias para comprar moeda estrangeira (dólar). Por Leme Investimentos

Portanto, quando o preço da moeda estrangeira fica mais barato em reais, significa que a moeda doméstica se valorizou. O que gostaríamos de abordar de maneira muito rápida neste artigo é: por que nossa moeda se valorizou tanto nos últimos três anos e qual a possibilidade de valorizar ainda mais?

O que determina a taxa de câmbio é o fluxo de moeda que entra e sai do país através das transações comerciais e financeiras. Desde 1999, vigora no Brasil o regime de câmbio flutuante, ou seja, a taxa de câmbio oscila de acordo com as forças de mercado. Quando há uma maior entrada de capitais no país, a tendência é de que a taxa de câmbio se valorize. O Banco Central pode ainda intervir no mercado comprando moeda estrangeira na tentativa de evitar maiores valorizações, ou vendendo para evitar maiores desvalorizações.

Nos últimos anos, o Brasil passou por uma melhora significativa das contas externas. A economia mundial apresentou um crescimento acelerado e o preço dos principais produtos exportados pelo Brasil foi praticado em níveis elevados. Isto ocasionou grandes superávits nas transações correntes levando o país a uma melhora dos indicadores de solvência externa. Este fato por si só já ocasionou uma valorização da taxa de câmbio. Além disso, a melhora do risco-país e a alta taxa de juros praticada fez com que um grande fluxo de capitais fosse atraído e pressionasse ainda mais o valor da moeda.

O problema dessa grande valorização do real está na perda de competitividade enfrentada por vários setores da economia brasileira. Para cada dólar exportado, têm-se menos reais de receita. Quando o produtor não consegue repassar os preços ao comprador perde mercado. O reflexo disso é uma diminuição da produção que ocasiona redução de receita e prejuízo em muitas situações, agravadas por demissões pesadas de trabalhadores.

No nosso entendimento as únicas medidas que podem ser tomadas de maneira racional pelo Banco Central são: i) redução da taxa de juros em ritmo mais acelerado, o que em princípio o BC não deve fazer e; ii) continuar comprando dólar no mercado. Esta solução resulta na expansão da base monetária obrigando o Banco Central enxugar o excesso de reais através da emissão de títulos. Esta medida de controle contribui para o crescimento da dívida interna, cujos custos, dado os níveis das taxas praticadas, encontram-se bastante elevados.

Portanto, a possibilidade do dólar continuar se valorizando ainda existe e é até bem provável. Para que esta situação não afete com maior gravidade a economia, o BC neste momento não tem muita saída, a não ser continuar comprando moeda no mercado e diminuir a taxa de juros. O que o BC sinalizou não última reunião do Copom, foi uma possível aceleração na queda da taxa de juros. Isto contribuiria bastante para que a taxa de câmbio se apreciasse menos, ou pelo menos parasse a apreciação. Fato este que deverá manter o valor da moeda oscilando entre R$ 2,00 e R$ 2,05.

Texto elaborado pela área de análise da Leme Investimentos Ltda.

22/06/2007

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