Estamos acompanhando de perto a movimentação inicial dos candidatos a prefeito dos municípios que compõe a Grande Florianópolis, área de atuação de nossa entidade e por onde se espalham mais de duas mil empresas associadas. Nossa preocupação é com a ausência, até aqui, de uma visão um pouco mais ampliada dos candidatos na abordagem de questões estruturais da região, como se cada cidade fosse capaz de resolver seus próprios problemas, o que é um grande equívoco, a nosso ver.
Os principais gargalos que precisam ser solucionados não reconhecem fronteiras estabelecidas por carnês de IPTU deste ou daquele município.
São problemas conjuntos e que não podem ser enfrentados de forma isolada. Como é que um candidato a prefeito de Biguaçu, Palhoça, São José ou Florianópolis poderá pensar numa solução restrita ao território de seu município na hora de equacionar questões como a do transporte coletivo, abastecimento de água e tratamento de esgoto, recolhimento e tratamento de lixo e do sistema viário, apenas para ficarmos nas principais? Isso não será possível.
Não adianta, por exemplo, resolver o problema do esgoto só da Ilha, nossa jóia da coroa quando se fala em aproveitamento econômico da atividade turística. A Ilha pode ter 100% de cobertura de coleta de esgoto, mas não será suficiente para despoluí-la se demais regiões continentais continuarem a descoberto. As baías são as mesmas para a Ilha e para o Continente. Já o fornecimento de água precisa ter um sistema planejado desde a captação, bem distribuído, a fim de garantir o abastecimento de todos os municípios. Biguaçu absorve o lixo de toda a região por abrigar a única unidade com aprovação sanitária. Até quando?
Será muito cômodo para os futuros prefeitos se esquivarem transferindo responsabilidades para a alçada do Governo do Estado e da União com a velha desculpa da falta de recursos. Moramos em cidades. Nelas precisamos resolver a maior parte de nossos problemas, que, estruturalmente, são os mesmos para todos numa região com as características da Grande Florianópolis. Esforços precisam ser somados nessa hora.
Os municípios praticamente estão soldados uns nos outros e precisam se planejar, estabelecer agendas comuns de obras intermunicipais com responsabilidades compartilhadas. Este será o maior desafio para as próximas gestões nas prefeituras da região.
Odílio Guarezi
Presidente do Sistema AEMFLO e CDL-SJ