O jornalista e comentarista econômico Luis Nassif abordou um contexto mundial e histórico de transformações da economia para então posicionar o Brasil no processo. Nassif defende que as empresas e os países são periodicamente submetidos ao que ele chama de "janelas de oportunidade".
Elas surgem em ciclos. Para exemplificar, Nassif citou uma das grandes oportunidades do Brasil, em 1994, quando houve a estabilização da economia.
No atual momento, Nassif identifica o ano de 2008 como o fim de um ciclo de crise, em que o País sofre efeitos de grandes obras de infra-estrutura que não foram feitas lá atrás. Sempre após as crises vêm as janelas de oportunidades, defende Nassif. A atual, para o País, contém as seguintes idéias-chaves:
Gestão - As empresas brasileiras colhem resultados notáveis em gestão sobrevivendo e crescendo em meio a tantas dificuldades na infra-estrutura, excesso de impostos e de ônus previdenciário e trabalhista. O modelo de desenvolvimento preconizado no associativismo (caso do Sistema AEMFLO e CDL-SJ) é a melhor alternativa e será cada vez mais valorizado, pois ainda tem muito espaço para crescer.
Políticas sociais - O investimento público em programas sociais é correto porque reduz a miséria, combate a criminalidade e promove inclusão social. O melhor de tudo é que cria um novo mercado consumidor. Este é um diferencial competitivo. O Bolsa Família é exemplo
de programa para o mundo.
Crédito - O Brasil encontrou o crédito como alavanca de desenvolvimento econômico e passou a ter um mercado de capitais mais forte, estimulando novos investimentos. Além do que desenvolveu um know-how de alto nível nos bancos e fundos de investimento.
Do ponto de vista conjuntural, Luis Nassif aponta outros elementos favoráveis:
- Mercado interno em expansão, fruto da estabilidade da economia e das políticas sociais das últimas décadas.
- Papel vital na nova matriz energética mundial, com o petróleo e o etanol. O Brasil tem a oportunidade de assumir a liderança em produção de combustíveis de fontes renováveis, tendo o álcool combustível como principal produto.
- Papel estratégico e vital na produção de alimentos - Temos uma características diferenciada em relação aos outros países. No Brasil, convivem muito bem o agronegócio, altamente mecanizado, e a agricultura familiar, que gera renda para o produtor e ajuda a abastecer os grandes centros com hortifrutigrangeiros.
Por outro lado, existem ameaças:
- A maior delas é a vulnerabilidade nas contas externas. O país precisa urgentemente recuperar a competitividade do real e escapar da armadilha de uma nova crise externa.
- A questão da infra-estrutura, essencial para incorporar definitivamente as novas fronteiras agrícolas.
Com uma visão otimista, Nassif acha que os brasileiros precisam reconhecer os valores positivos do Brasil, ao invés de se concentrar exclusivamente nos defeitos e nas coisas que dão errado. Neste contexto, mais uma vez, Nassif citou a importância de valorizar o
associativismo como alavanca de crescimento. "Acredito que o futuro vai trazer de volta alguns valores um pouco esquecidos como a fé no empreendedorismo, o orgulho pelo Brasil e a valorização do trabalho como fator de sucesso".
Outro tema destacado foi a iniciativa da parceria público-privada. O ponto de equilíbrio será alcançado se a iniciativa privada identificar com objetividade o que se quer do Estado e este, por sua vez, criar condições para viabilizar o conjunto de projetos.
Como prognósticos, Nassif mencionou o seguinte:
- A taxa de inflação vai baixar e se diluirá no segundo semestre.
- O processo de expansão de crédito será moderado.
- Os preços internacionais das commodities serão ajustados.
- Pode estar vindo uma deflação mundial.
- A Reforma Tributária corre o risco de avançar muito, mas só do lado da arrecadação. Ninguém quer perder nada.
- A Reforma Política vai começar para valer depois de 2010, após o fim da era Lula.