Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou situação de pandemia pelo novo coronavírus, empresas de todos os setores precisaram adaptar suas dinâmicas de trabalho às medidas de isolamento social. Adotaram o trabalho remoto, que não era realidade para 51% das companhias brasileiras até então. Após o choque inicial, 80% dos gestores disserem gostar da nova maneira de trabalhar, de acordo com pesquisa da ISE Business School, Escola de Negócios que oferece Programas de Educação Executiva em São Paulo. "Mudanças que ocorreriam em cinco ou dez anos já estão acontecendo", disse Cesar Bullara, diretor e professor do departamento de gestão de pessoas do ISE.
Segundo ele, a nova realidade veio para ficar. Das empresas que ainda não adotavam o home office, 65% são de controle familiares e de capital nacional. Os outros 35% são multinacionais. Na visão de Amélia Caetano, consultora especializada em trabalho remoto no Instituto Trabalho Portátil, as multinacionais já estavam mais bem preparadas, principalmente do ponto de vista tecnológico, par essa realidade, enquanto as empresas nacionais tinham investido pouco nesse sentido. Para ela, eventos inesperados, como o coronavírus, têm essa capacidade de "antecipar" o futuro.
Competências
Segundo os dados do ISE Business School, a flexibilidade foi apontada como uma das competências mais desenvolvidas neste período - foi citada por 81% dos entrevistados. A habilidade só fica atrás da resiliência, a capacidade de superar dificuldades, mencionada por 82%. Outras características citadas foram autodisciplina e confiança, além da construção de uma relação mais francas entre chefes e equipes.
Para a especialista em trabalho remoto Amélia Caetano, os gestores precisam se preparar para acompanhar as tarefas e entregas, e não a quantidade de horas trabalhadas. "Muitos líderes se viram nessa nova situação e estão vendo que funciona", ressalta.
Produtividade
De acordo com a pesquisa, 60% dos entrevistados afirmaram que o home office ajudou a melhorar a eficiência e a produtividade. Apesar de os dados apontarem uma tendência positiva, Amélia ressalvou que as pessoas não estão em sua melhor fase de produtividade, pois a imprevisibilidade da pandemia traz angústia e dificuldade emocional. Esses fatores foram apontados como "altos" e "muito altos" das pessoas ouvidas pelo ISE.
Fonte: UOL Economia.