O primeiro contato feito com a BPW (Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais) aconteceu em Blumenau, em uma fria manhã da segunda quinzena de julho de 1994.
Por Maria Helena Balthazar
Diretora de Capacitação da AEMFLO e CDL-SJ
Eu participava como expositora no Pavilhão da Proeb, da Feira do Empreendedor Catarinense, e recebi em meu stand, a visita de Anita Pires (eu a conhecia apenas pelos “santinhos” de candidata a deputada) e Maria Cecília de Leão Rosemann, proprietária do “Chá Mate Leão’ de Curitiba e então presidente da BPW Brasil. Elas estavam participando de um evento “só para mulheres de negócios e profissionais” em um hotel no centro de Blumenau e foram à feira convidar outras mulheres para participar. Eu aceitei parcialmente o convite, porque não tinha quem me substituísse em meu estande o dia todo.
No outro dia pela manhã, cheia de curiosidade, fui para o hotel assistir à palestra da psicóloga Iara Sanches, em um auditório lotado de mulheres. No coffee break a Anita reuniu o grupo de Florianópolis e na presença de Maria Cecília, Iara Sanches e Ester Macedo falou sobre o objetivo da presidente de fundar uma BPW em São José. Informou-nos da existência de uma BPW em Florianópolis, mas que trabalhava em discordância com o estatuto da BPW Brasil. A estratégia delas era que mais tarde as duas associações se fundissem em uma só.
Nessa época eu era também a primeira diretora da Câmara da Mulher Empresária da AEMFLO (Associação Empresarial da Região Metropolitana de Florianópolis), e esse foi o principal argumento delas para eu aceitar a presidência. A Maria Cecília estava em final de gestão e era sua meta fundar duas unidades em Santa Catarina, antes da Confan (Convenção da Federação das Associações BPW do Brasil) em setembro. Aceitei a proposta depois que ouvi das três conterrâneas a promessa de que participariam sempre das reuniões e que ajudariam a compor o quadro de 31 mulheres para o registro do estatuto da associação.
A AEMFLO foi fundamental nesse primeiro momento, porque nos emprestou toda a sua estrutura logística, tanto em ligações para as associadas e as esposas de diretores, como em assessoria de imprensa e espaço físico para as reuniões que antecederam a posse. Pode-se dizer que a BPW “nasceu na AEMFLO!”
Um mês e meio depois, no dia 31 de agosto, fundamos a nossa BPW São José no auditório da AEMFLO, com a presença de Maria Cecília Rosenmann, do presidente e de diretores da AEMFLO e tendo com palestrante o presidente do SEBRAE à época, Sr. Vinícius Lummertz Silva.
As três mulheres fortes que estavam em Blumenau, bem como outras indicadas por elas, constituíram o alicerce para a fundação da nossa associação. Compuseram a primeira diretoria Iara Sanches, Ester Macedo, Arlete Zago, Terezinha Lorenzini, Cici Damásio e Dulce Magalhães, que estava iniciando a sua carreira como palestrante e consultora. A Anita Pires permaneceu fora da diretoria, mas sua presença era sempre muito esperada nas reuniões. Desde o início, tivemos eventos memoráveis porque contávamos com o carinho, a sabedoria, a articulação e a segurança dessa equipe com a qual interagíamos quinzenalmente por três anos consecutivos. Em 1998, Terezinha nos deixou para sempre. Para mim ficou a saudade e o eterno agradecimento por sua seriedade e responsabilidade permanente.
Antes do final da nossa gestão, a BPW de Florianópolis se extinguiu, e nós resolvemos usar a denominação BPW Grande Florianópolis, porque tínhamos associadas de municípios vizinhos que participavam das reuniões.
Nossa grande preocupação na década de noventa era mostrar que éramos uma associação de mulheres que trabalhava para apoiar a mulher trabalhadora, mas que não éramos contra os homens. Muitas vezes foi necessário deixar isso bem claro, mas isso nunca chegou a ser um estigma (quando estive na Austrália soube da fama da BPW de uma cidade de lá).
Desenvolvemos projetos junto com o Sebrae/SC, participamos de várias Confans e estivemos juntas em Brasília e no Panamá, onde a Cici Damásio foi ovacionada como “La Reina de la Confan”... Foi um momento memorável!
A consciência de que “não somos, mas estamos presidente”; que uma associação precisa sempre renovar seu quadro de diretores para dar oportunidade de liderança a todas as associadas; e que naquele momento eu não estaria livre para me dedicar ao associativismo permitiu que, em 1998, após o falecimento de minha mãe, e por ter assumido outras unidades da franquia que eu representava, eu me afastasse temporariamente da BPW.
Mas tive o cuidado de deixá-la nas mãos de “fortes guerreiras” como a Arlete Zago, a Nadir Koerich e a Dulce Magalhães, que souberam dar a BPW o gás necessário para ela se transformar na instituição forte que é hoje!