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Entrevista - A economia brasileira está em alerta

31/05/2011

O Brasil vem passando pelo desafio de crescer de forma sustentável e ao mesmo tempo manter os pilares de uma economia equilibrada, uma inflação sobre controle, um país menos endividado, uma política estável, podendo gastar e arrecadar a mesma coisa, de forma compatível. Mas, não é isso que está acontecendo. Nossa equipe de jornalismo conversou com Netanias Dias, economista concursado do Governo do Estado de Santa Catarina, professor universitário, formado em economia pela Universidade Católica do Mato Grosso do Sul, com mestrado em Sociologia Política pela UFSC.

AEMFLO e CDL-SJ - O que realmente está acontecendo com a economia Brasileira?

Netanias - Nos últimos oito anos o Brasil cresceu muito perante a economia mundial, nossos bens foram valorizados como o minério, a soja, permitindo que nossa balança comercial seja favorável. Com a crise de 2008 e o crescimento interno da economia, começamos a identificar que não somos tão sustentáveis, pois a demanda cresceu mais do que o nível de produção, e o estado por sua vez gastou mais do que era previsto aumentando a divida interna. Como setor produtivo não conseguiu atender a demanda em virtude dos gargalos do chamado custo Brasil, por causa da falta de infraestrutura, mão de obra qualificada, acabou crescendo a inflação, afinal a procura é maior que oferta e acaba subindo o produto nas prateleiras. Outro problema é a nossa alta carga tributária que representa 35% em média do PIB nacional. Isso significa, em um PIB de 2 trilhões, cerca de 750 bilhões são pagos em tributos. Sendo assim, assusta empresários nacionais e internacionais.

A desaceleração da economia pode ser a saída para estabilizar o Brasil?

Netanias - É um remédio amargo, mas que em um curto prazo pode segurar a economia, já em um longo prazo o Brasil deveria reduzir a carga tributária, investir na infraestrutura, investir em um sistema ferroviário, melhorar aeroportos e rodovias, coisa que não está acontecendo. Hoje ele está tentando segurar os consumidores, querendo que eles parem de gastar, aumentando o custo para concessão de crédito, barrando linhas de financiamento, não dando reajustes, e parando de gastar. Essa medida é provisória, mas deve segurar a inflação.

AEMFLO - O que você como economista diria hoje para os empresários?

Netanias - A classe empresarial tem que pressionar a classe política, principalmente com o futuro do país, exigindo um planejamento de estado e não de governo, que possibilite vencer ou superar os gargalos estruturais do país como foi citado acima. O setor produtivo deve cumprir sua missão dentro de uma economia de mercado, que é produzir, gerar renda, riqueza de uma forma sustentável, transformando isso em um ciclo. E cobrar uma reforma tributária, que é imprescindível para superar esses problemas.

AEMFLO – Como seria essa reforma tributária?

Netanias - Em um sistema democrático, ela tem que ser negociada e indo passo a passo, por diversos setores da economia, isso não pode ser feito da noite para o dia. E ser responsável, arrecadar de forma coerente. Ela deve ser feita por etapas, desonerando cada item da cadeia setor produtivo. Os micros e pequenos empresários mais do que nunca devem exigir do estado uma posição para ter expectativas de futuro.

AEMFLO – O que você diria ao consumidor?

Netanias - Cautela, não se abster totalmente do consumo, ir com cautela e sem abusos, mas também não podemos parar a economia, deixar de sair para jantar, almoçar, roupas. Com a economia instável não devemos simplesmente nos endividar, devemos sim buscar realizar um consumo consciente e se caso for necessário se endividar por um bom motivo, como aquisição de um imóvel.

AEMFLO – Qual a sua expectativa de futuro?

Netanias - Temos que pensar positivo para o país, pensando que os pilares macroeconômicos serão mantidos fazendo com que a economia se fortaleça, sendo capaz de gerar emprego e renda e que supere os desequilíbrios sociais e regionais existentes no Brasil. Porém, sem fortes investimentos em infraestrutura física e de conhecimento tudo será mais difícil.  Por isso defendo uma reforma tributária e política, pois sem ela não teremos educação, saúde, empregos e renda que o brasileiro merece.

31/05/2011

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