Na última segunda-feira (18), o governador do Estado de Santa Catarina, Raimundo Colombo, foi recebido pela classe empresarial e a sociedade na sede da AEMFLO e CDL-SJ, em Barreiros. No evento, o governador apresentou uma análise e ações dos primeiros anos de governo e apontou investimentos nas áreas de mobilidade urbana, segurança pública, saúde, educação etc. Participaram do evento, integrantes da Diretoria Executiva e Conselho Deliberativo das entidades, além de empresários, políticos e cidadãos da Região Metropolitana de Florianópolis.
O início da apresentação de Colombo foi marcada por um discurso de orgulho regionalista em que o povo catarinense e a força de empreender foram destacados, incluindo uma parte de um documentário, feito pelo governo Estadual, em que cinco personagens de diferentes regiões do Estado, contaram as próprias histórias. Após cerca de uma hora de impressões pessoais sobre histórias de cidadãos catarinenses, o governador prestou dados da gestão e algumas propostas de investimento no Estado. Ele também falou sobre as burocracias do sistema público nacional que atrapalham a gestão e travam o progresso.
Cerca de duas horas de apresentação, o governador Raimundo Colombo explorou temas como gestão da máquina pública, saúde, educação, mobilidade urbana, segurança pública, burocracia governamental
“Hoje quase tudo que você faz no governo precisa passar por até sete órgãos de fiscalização. Fica impossível poder executar uma obra. Essa é a realidade do Brasil devido à corrupção. A burocracia existe para evitar a corrupção enraizada na nação, porém a burocracia trava o progresso. É lastimável. Entre o início de um projeto e o início das obras se leva dois anos no Brasil. Todo mundo fala em crescimento da economia. A economia está crescendo só pelo consumo, porque por meio de investimento está muito difícil”, afirmou Colombo, antes de iniciar a fala sobre os principais problemas da gestão estadual.
Investimento em São José
No evento, foi assinado o edital de licitação do projeto de ampliação e duplicação da ponte da SC-407. O secretário de Desenvolvimento Regional, Renato Hinnig, apresentou oficialmente a obra e a definiu como “um presente do governador para São José”. Assinaram o lançamento do edital o secretário de Infraestrutura do Estado, Valdir Cobalchini, o governador do Estado Raimundo Colombo, a prefeita de São José, Adeliana Dal Pont e a deputada Estadual, Dirce Heiderscheidt. O recurso liberado pelo governo para a obra é de R$ 5,4 milhões.
Máquina pública
“O primeiro passo foi conhecer a máquina pública e definir as prioridades, os pontos críticos e fazer relacionamento com os servidores Estaduais. Foi tudo muito complicado e demorado. No caso da empresa privada, ela tem total autonomia para demitir, contratar, remanejar etc. No caso do Estado não. Tivemos que fazer um esforço enorme para convencer e motivar os servidores”, lamenta o governador após fazer uma análise do início da gestão.
Colombo afirmou ainda que a falta de punição para o funcionário público interfere na qualidade do trabalho prestado. “Não posso punir o mau funcionário. Se entramos com uma ação judicial geralmente a justiça da causa ganha ao servidor. Também não posso premiar os bons. Então é complicado”, conclui.
Colombo também afirmou que uma das primeiras ações governamentais foi a redução de custos da máquina pública. “Diminuímos de 2011 para 2012 nosso custeio com a estrutura estadual em 9,91%. Também implantamos o modelo de pregão eletrônico para licitações, com isso melhoramos nosso modelo de gestão e a transparência”.
Infraestrutura
O governador apresentou dados negativos sobre a infraestrutura em SC. “Tínhamos em 2002, 1,5 milhão de veículos emplacados. Em novembro de 2012, já estávamos com 4 milhões de veículos. Hoje devemos ter mais de 4 milhões. Outro dado negativo nos preocupa: temos o segundo maior número de acidentes em rodovias do Brasil, ficando atrás apenas de Minas Gerais. Temos mais acidentes em rodovias do que em São Paulo. Também possuímos o terceiro maior congestionamento de tráfego do Brasil. O primeiro é em São Paulo, o segundo é o Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, a ponte Rio – Niterói, em agosto, registrou a passagem de 141 mil veículos. Enquanto a nossa, no mesmo mês, registrou cerca de 191 mil veículos. Estamos vivendo um período difícil para a infraestrutura”.
Para resolução dos problemas, Raimundo Colombo, falou em obras em andamento, planos para o futuro e perspectivas de investimento. “Temos mais de 300 obras que estão começando agora. Em curto prazo faremos recuperação completa da Ponte Hercílio Luz, que vai criar um novo acesso para Coqueiros e Estreito, em Florianópolis, e que será inaugurada para uso ano que vem. Só essa obra vai tirar 22% do tráfego das pontes usadas hoje”, promete.
Colombo afirmou ainda que o projeto da travessia entre Continente e Ilha está bastante adiantado e prometeu que dentro de 60 dias o sistema de transporte marítimo estará funcionando. “Já está em processo de finalização, só falta construir as estações de embarque e desembarque, que funcionará em quatro áreas”, declara. O governador ainda citou alternativas de mobilidade como o teleférico. “O projeto dos teleféricos está em processo de finalização. É um meio de transporte rápido que tem capacidade para 40 pessoas. Ainda não está aprovado, mas já se encontra na fase final dos estudos”, declara.
Educação
Raimundo Colombo seguiu a apresentação e tratou de educação. Confirmou que a situação da educação não está satisfatória e projeta investimentos na área. “Agora a gente começa um processo de investimento forte em educação. Nós tivemos uma série de problemas. Acho que vamos conseguir melhorar bem a questão salarial dos professores, que de fato era muito baixa e continua sendo. Mas precisamos ter tempo para fazer mudar. No pacto por SC está previsto o investimento de 500 milhões em educação”, sinaliza.
Saúde
Assim como na área da educação, Colombo admitiu que a saúde está defasada e precisa de melhoras. “Temos que melhorar muito. Estamos pagando uma assessoria de altíssimo nível para fazer um diagnóstico das unidades de saúde do Estado e verificar os problemas, para assim fazermos investimentos direcionados em cada unidade. O problema é nacional, os hospitais filantrópicos estão falindo, quebrando e a origem do problema nós conhecemos: o SUS paga muito mal. Mas é possível melhorar e vamos buscar a melhora”, afirma.
Segurança Pública
Colombo focou principalmente na experiência do governo em relação aos atentados acontecidos em novembro de 2012 e em fevereiro deste ano. “Os ataques em SC exigiram muito do governo. Mostrou que estamos caminhando sobre um barril de pólvora. Essa é uma realidade que agora está em outros Estados pelo Brasil. Temos um crime organizado que coordena tudo e temos que mudar isso”, desabafa.
O governador ainda afirmou que o Estado está brigando para construir penitenciárias, mas nenhum município colabora. “Para se construir em Imaruí, está sendo uma batalha: já temos oito liminares contra a construção na justiça. Hoje se judicializa tudo”, lamenta.
Sobre investimentos, o governador sinalizou contratação de novos policiais, mas reconhece que a estrutura de formação é limitada. “Contratamos 1,5 mil policiais e estamos contratando mais 1,5 mil. Mas não tem como contratar mais. A nossa capacidade de formação é 500 policiais a cada seis meses, mil por ano. Não temos mais estrutura. Além do mais, contratamos 1,5 mil policiais militares, mas vai se aposentar mil esse ano. Com isso a sociedade ganhará efetivamente 500 policiais que, divididos entre 295 municípios, ficam dois policiais para cada município. Para compensar esse problema estamos investindo em tecnologia. No início da gestão tínhamos 400 câmeras de segurança, hoje temos 1,4 mil e vamos chegar a três mil. Além da aquisição de outros equipamentos tecnológicos para a área”, declara.
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