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Desemprego é ameaça real ao consumo popular, mostram estudos

12/02/2009

Brasília - Em tempo de desaquecimento da economia, o que mais assusta os estratos sociais emergentes é a ameaça de desemprego e a conseqüente perda do poder de compra.

Para as classes econômicas C e D, a manutenção do emprego é a garantia de que haverá renda para pagar dívidas e de que será possível continuar consumindo, especialmente bens duráveis como aparelho de TV, computador, telefone celular ou forno de microondas.

A avaliação é dos autores de dois estudos sobre o consumo popular - um para medir a aceitação de marcas junto ao público de baixa renda e outro, acadêmico, para estabelecer um perfil das classes de baixa renda.

Para Marcelo Esteves Alves - que recentemente defendeu dissertação de mestrado sobre o assunto na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - , a crise aflige toda a sociedade, mais ainda não afetou diretamente o público de baixa renda, que tem uma percepção voltada para o "imediato" e situações mais concretas. "Enquanto a classe média já freou o consumo, pois enxerga a possibilidade de piora a médio prazo, as classes mais baixas continuam consumindo", compara Marcelo Esteves.

"O maior impacto vai se dar quando as demissões alcançarem volumes maiores", prevê o professor, explicando que o consumidor popular terá maior percepção da crise quando alguém da família ou da vizinhança for dispensado do serviço ou ganhar menos dinheiro com o negócio próprio. "Só vão mudar o seu padrão de consumo no instante em que forem afetados muito proximamente pelas mudanças na condição econômica", resume.

A avaliação é semelhante à que faz a psicóloga Cecília Russo, sócia-diretora da Troiano Consultoria de Marcas - empresa que no final de 2008 fez um estudo em parceria com o Ibope sobre consumo popular. "As pessoas, tendo emprego, encaram uma prestação. Elas continuarão aderindo ao crédito desde que as condições continuem favoráveis em seu entorno. O medo é não poder arcar com a dívida", analisa.

Marcelo Néri, da Fundação Getulio Vargas, assinala que três quartos da renda do brasileiro advêm do trabalho. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, em dezembro o mercado formal de trabalho registrou em todo o país um saldo de 654.946 desligamentos (dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - Caged).

por Agência Brasil
fonte: FCDL

12/02/2009

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