O ano de 2006 foi marcado por dificuldades na economia de Santa Catarina e por forte atuação da Federação das Indústrias (FIESC) para enfrentar os obstáculos da indústria. A produção física das indústrias cresceu apenas 0,4% e o faturamento diminuiu 3% nos primeiros dez meses do ano ante o mesmo período do ano passado.
Levando-se em conta que o ano de 2005 já havia sido fraco para as atividades industriais catarinenses, com retração de 11,89% do faturamento e aumento de 0,04% na produção, a conclusão é que 2006 foi um ano frustrante em termos de crescimento industrial.
Os principais fatores que inibiram a evolução dos negócios em 2006, segundo os empresários catarinenses, foram: perda de rentabilidade das exportações devido ao câmbio, elevada carga tributária, juros altos, grande concorrência de mercado e declínio das vendas externas.
Produção – A produção industrial ficou praticamente estagnada em 2006, subindo apenas 0,4% de janeiro a outubro. Os maiores impactos positivos vieram da fabricação de carrocerias para ônibus e caminhões, autopeças, motocompressores, borrachas e plástico. Entre os setores com redução estão alimentos e madeira.
Vendas – As indústrias catarinenses observaram suas vendas reais (faturamento, já descontada a inflação) caírem 3% nos dez primeiros meses do ano. Os principais declínios ocorreram nos segmentos de móveis, madeira e alimentos. Este foi afetado pelo embargo russo às carnes e pela queda da demanda mundial por frango ocasionada pelo medo da gripe aviária. No outro extremo, os destaques positivos foram a indústria mecânica e de material de transporte.
Emprego – Apesar do fraco desempenho nas vendas e produção, o emprego na indústria cresceu 5,24%, correspondendo a 25.851 novos postos de trabalho até outubro. O maior número de empregos foi criado nas micro e pequenas empresas. Elas responderam por 77% dos novos postos criados no Estado. O principal fator foi o crescimento da formalização do emprego nesse grupo de empresas.
Comércio internacional – As exportações de Santa Catarina cresceram 7,6% até novembro, alcançando receita de US$ 5,4 bilhões. Embora positivos, os números estão bem abaixo da taxa de crescimento médio dos embarques nacionais, que ficou em 16,6%. Já as importações disparam em Santa Catarina. Favorecidas pela taxa cambial, as compras cresceram 61,65%, especialmente as da China (178%). As importações brasileiras aumentaram 25,5%.
Perspectivas
Em 2007 são pequenas as chances de a economia atingir o crescimento de 5% almejado pelo governo. De acordo com projeções de mercado, o PIB deverá subir 3,5% e a produção industrial 4%. Os juros devem continuar em declínio, atingindo patamar de 12%.
Embora moderadamente, a FIESC acredita que há motivos para manter o otimismo. O presidente da Federação, Alcantaro Corrêa, acredita que 2007 será um ano melhor do que este que termina. “Vamos melhorar um pouco, pode ser o começo para um crescimento maior”, diz o industrial. “A solução não está em esperar milagres com o câmbio, mas continuar o processo que está acontecendo em muitas empresas de atualização, organização e enxugamento de custos”.
Para Corrêa, mesmo setores que foram muito afetados pelo atual patamar do dólar, como os de alimentos e móveis, estão em processo de adaptação: “Há um movimento importante de busca de novos mercados para aproveitar a demanda por diversos produtos, afinal o mundo não parou de crescer e precisa de alguém para suprir as necessidades”.
Uma série de desafios estão colocados para as indústrias. Entre eles o combate à informalidade, necessidade de mais educação e formação profissional, investimentos em infra-estrutura, aumento da eficiência do Estado e redução da carga tributária.
Especificamente sobre a economia catarinense, fazem parte da lista de problemas atuais o embargo russo às carnes, cotas para exportação para a Argentina, morosidade dos processos na área ambiental, suprimentos e custo de energia (eletricidade e gás natural) e deficiência na segurança pública e deficiências de infra-estrutura.
“Há muito ainda por fazer. Garantir a energia e reduzir os custos trabalhistas, por exemplo, é fundamental”, afirma o presidente da FIESC. “Mas a infra-estrutura vai continuar como o carro-chefe de nossas ações. Santa Catarina precisa muito de investimentos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos”.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Sistema FIESC