Acesso Rápido

Notícias

Cenário econômico precisa mudar

18/09/2014

O Brasil vive atualmente uma crise econômica e embora seja a 7ª maior economia do mundo, ocupa 80ª posição em distribuição de renda, segundo estudo realizado pelo Banco Mundial. Para piorar, o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu, em julho, a previsão para o crescimento da economia em 2014 e 2015. Para este ano cortou a estimativa de 1,8% para 1,3% e, para o ano que vem, de 2,7% para 2%, destacando a fraqueza de investimento e consumo no país.

Os números do FMI, porém, são mais otimistas do que os que aparecem no Boletim Focus. Os analistas ouvidos pelo Banco Central  estimam avanço da economia brasileira de apenas 0,97% em 2014 e de 1,5% em 2015.

Diante dos dados e da realidade econômica, o economista Álvaro Dezidério da Luz contextualiza como o momento vivido pelo Brasil afeta a economia catarinense, maneias que as empresas podem reagir para contornar a situação e responde sobre a influência das eleições na economia.

AEMFLO - Qual o panorama atual da economia catarinense?

Álvaro Luz - A economia catarinense, por sua base diversificada em indústria, tecnologia e agropecuária, é mais resiliente ao cenário econômico atual, que é de oscilação entre queda no PIB e crescimento baixo. Todavia, se o panorama persistir ao longo de 2015 teremos efeitos sobre o emprego no Estado e na arrecadação de impostos. É importante termos atenção com a evolução da economia argentina, que caminha para um colapso ou, na melhor das hipóteses, para um ciclo longo de crescimento muito baixo. Como cerca de 30% das exportações do país, de bens manufaturados, são para a Argentina, e Santa Catarina possui uma parte relevante nesta pauta, incluindo a agropecuária, os efeitos no Estado devem aparecer, especialmente no primeiro trimestre de 2015.

AEMFLO - Como as empresas devem reagir na atual situação econômica?

AL - Não há outro caminho se não reduzir os planos de investimento, reforçando o caixa, tanto para poderem suportar o período de crescimento baixo, quanto para aproveitarem oportunidades de bons negócios, dado a queda nos preços dos ativos reais. Em períodos de recessão de demanda, as famílias reduzem seu consumo de forma acentuada e as empresas precisam se ajustar a esse novo padrão de consumo na economia. É importante lembrar que, para as empresas que se prepararam para esse momento, em geral surgem grandes oportunidades de negociação com fornecedores ou até de aquisição de concorrentes.

AEMFLO - Como esse momento político que estamos vivendo influencia na economia?

AL - A eleição insere incerteza quanto à condução da economia em 2015. Os dois candidatos de oposição representam a volta da condução de uma política econômica responsável. Já a manutenção do atual governo sugere a continuação da chamada “nova matriz econômica”, a qual, em grande medida, é responsável pela parada na economia brasileira. Não estamos em recessão por causa da crise internacional. Ela colaborou um pouco, mas a principal razão foram os seguidos experimentos de política econômica feitos nos últimos anos.

AEMFLO – Como o presidente eleito deveria conduzir a economia do Brasil?

AL - O que gostaríamos é o que o novo governo, ou até no caso de uma recondução da equipe atual, enfrentasse os problemas econômicos sem ideologia e com ações no sentido de devolver a credibilidade à política econômica do país. O tripé macroeconômico composto por câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e metas de inflação funcionou bem, no sentido de dar previsibilidade ao ambiente de negócios, que é o que as empresas precisam. A “nova matriz econômica” fez o caminho exatamente inverso, gerando incerteza. Não há como fugir de um ajuste relevante em 2015. Mas a condução da economia precisa mudar.

18/09/2014

Mais notícias