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Brasil é campeão, quando o assunto é juros

11/03/2015

Um levantamento da consultoria MoneYou revela que o Brasil ocupa a liderança do ranking mundial de juros reais (linkar). Na quarta-feira passada (04/03), o BC (Banco Central) promoveu o quarto aumento consecutivo nos juros básicos da economia, que subiram de 12,25% para 12,75% ao ano, resultando no maior patamar em seis anos. Somente um corte de 2% nos juros brasileiros tira o país da liderança do ranking de juros reais.

O ranking mundial de juros reais é um comparativo entre as taxas praticadas em 40 países do mundo e os classifica conforme as taxas de juros nominais determinadas pelos respectivos bancos centrais e a projeção média de inflação futura das respectivas autoridades monetárias e institutos de pesquisa econômica.

O estudo da MoneYou mostra que após a nova alta promovida pelo BC, o Brasil possui juros reais de 5,28% ao ano, bem à frente da China (3,18%) e da Índia (3,17%), que ocupam, respectivamente, a segunda e terceira posição. A taxa média de juros das 40 economias pesquisadas pelo ranking está negativa em 1% ao ano.

O Brasil é uma das poucas economias emergentes que está subindo os juros. Tanto a China quanto a Índia, por exemplo, promoveram cortes nos seus juros básicos nos últimos dias. A consultoria aponta ainda que somente o Brasil e mais seis países apresentaram projeções de inflação mais forte, enquanto a maioria demonstrou forte queda por causa do preço internacional do barril do petróleo.

Para o economista Netanias Dormundo Dias, ter o país na primeira posição do ranking mundial de juros reais acarreta um grande custo ao setor produtivo, ao governo e à sociedade. “Os juros altos inibem os investimentos, não contribui para a expansão do mercado de capitais e corrói a poupança do governo, que pagará bem mais caro pelos empréstimos realizados”.

Com a alta, as empresas também encontram dificuldades de financiamento, deixando de realizar novos investimentos e tendem a aplicar seus recursos no setor não produtivo da economia, que, sem expansão, correm o risco de trabalhar de forma obsoleta e ultrapassada, perdendo em produtividade.

O economista explica que no atual momento enfrentado pelo Brasil, as famílias encontram dificuldades em adquirir bens duráveis, como os imóveis e semiduráveis, como eletrônicos. E com os cidadãos consumindo menos, empresários são forçados a produzir menos. “A situação poderia ter sido atenuada se tivéssemos tido uma política fiscal responsável. Teríamos os índices inflacionários menores e poderíamos ter ajudado o Banco Central na redução de juros. Se o governo influenciasse o mercado na busca incessante por maior produtividade, poderíamos estar em outro patamar econômico”, conclui.

11/03/2015

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