A escalada das preocupações em torno da inflação e do desequilíbrio fiscal brasileiro têm alimentado incertezas no mercado, influenciando diretamente as decisões de política monetária. Na última quarta-feira (11/12), o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por um novo aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, elevando-a para 12,25% ao ano. Em comunicado, o Comitê sinalizou que altas adicionais de magnitude semelhante podem ocorrer nas próximas reuniões, realizadas a cada 45 dias.
O contexto fiscal adverso segue como um dos principais fatores por trás da postura mais rígida da política monetária. Até outubro de 2024, o déficit primário acumulado em 12 meses atingiu R$ 223,5 bilhões, correspondendo a 1,95% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse quadro fiscal contribuiu para intensificar a percepção de risco econômico no país.
Embora o Ministério da Fazenda tenha anunciado um pacote de ajuste fiscal no final de novembro, o consenso é de que a medida é insuficiente frente às necessidades urgentes do país. Além disso, o pacote enfrenta entraves no Congresso Nacional, limitando sua eficácia.
No campo inflacionário, as projeções também são motivo de preocupação. A expectativa de mercado é de uma inflação de 4,84% ao ano em 2024, com desaceleração prevista para 4,59% em 2025 e 4,00% em 2026, ainda acima da meta de 3,00% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O Presidente da AEMFLO/CDL São José, Gilberto João Rech, destacou os possíveis impactos negativos da elevação dos juros sobre a economia nacional e regional. "Com as expectativas de inflação maiores e a deterioração do quadro fiscal, o Brasil enfrenta uma política monetária mais restritiva, demonstrada por mais esse aumento na taxa de juros. Na prática, isso significa menos estímulo à atividade econômica e um possível aumento do desemprego, prejudicando o desempenho econômico como um todo", alertou.
Na região da Grande Florianópolis, cuja economia é fortemente sustentada pelos setores de comércio e serviços, os efeitos podem ser ainda mais severos. Com o avanço da inflação, os consumidores passam a priorizar gastos com itens essenciais, deixando de lado outras categorias do varejo. Além disso, o encarecimento do crédito dificulta o acesso a financiamentos para produtos de maior valor, enfraquecendo o consumo e impactando negativamente a economia regional.
Apesar do cenário desafiador, a economia de São José e região tem mostrado resiliência em 2024, com saldo positivo na geração de empregos, aumento no número de empresas e crescimento na geração de tributos. Contudo, as entidades alertam para o risco de reversão desse panorama a partir de 2025, caso não sejam implementadas políticas mais alinhadas às demandas fiscais e econômicas do país. "É fundamental que o governo federal promova medidas que garantam estabilidade e sustentabilidade para o futuro, atendendo às exigências econômicas atuais e reduzindo as incertezas do mercado", reforçou.
Esse cenário exige atenção tanto dos gestores públicos quanto dos setores produtivos, em busca de soluções que evitem maiores impactos na economia local e nacional.