Confira a entrevista com Roque Pellizzaro Junior, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de SC (FCDL)
Ano de estagnação econômica, redução no consumo e postergação dos investimentos. Assim foi 2006 para o comércio catarinense, segundo o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL), Roque Pellizzaro Junior. E as expectativas para 2007 não são nada animadoras segundo ele. - Não há cenários de mudanças significativas.
O Brasil deve continuar com uma das mais altas cargas tributárias do mundo e dificilmente o crescimento de 5% projetado pelo governo deve se concretizar. Mesmo que se confirme, haverá um colapso nos serviços públicos e setores como energia elétrica, portos, estradas e aeroportos.
Pelizzaro Jr., Presidente do FCDL-SC.
Diante desse cenário, a FCDL de Santa Catarina considera imperativo medidas combinadas que resultem na queda da taxa de juros e da carga tributária e o ajuste cambial capaz de revitalizar a competitiva economia exportadora. - As obras de infra-estrutura não só serão geradoras de empregos em larga escala, como impedirão um amplo 'apagão' nacional. Cobramos, igualmente com celeridade e rigor, ações intensivas e permanentes contra a informalidade, um dos flagelos do comércio legal, que gera empregos e recolhe impostos - diz. Confira a seguir a avaliação do presidente da FCDL sobre o balanço de 2006 e as perspectivas para 2007.
BALANÇO
- Tivemos um crescimento pífio em 2006, pouco significativo, reflexo de um ano em que a base econômica do Estado foi fortemente afetada em razão da seca, dos problemas com o câmbio, do embargo sanitário à exportação de carnes, além da paralisia nos investimentos e da insegurança provocada pelos escândalos políticos, CPIs, Copa do Mundo e eleições. O setor sentiu a falta de liquidez do consumidor e por conseqüência não houve a expansão dos negócios. As contratações estagnaram e os comerciantes só não se endividaram porque já sabem como lidar com essa situação, tomando decisões rápidas, administrando estoques, reprogramando as compras.
PERSPECTIVAS
- Temos a esperança de que a promessa do governo federal se concretize, mas o bom senso nos diz que o crescimento previsto de até 5% é praticamente impossível. A proposta orçamentária enviada ao Congresso não prevê grandes mudanças nos investimentos e nem de redução do custeio da máquina pública.
CENÁRIO
- A economia brasileira passou estagnada em 2006, foi um dos piores crescimentos de sua história, justamente no momento em que a economia mundial acreditava que Brasil acompanharia o ritmo de seus parceiros do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Mas ao invés de ser a grande alavanca da economia mundial, o Brasil andou na contramão. Nossa política de taxas de juros é uma das piores do mundo. O câmbio irreal prejudica as exportações, corta investimentos e concentra a renda.
GARGALOS
- Há pouca disponibilidade de linhas de crédito, e as existentes têm custos muito altos. Esse é um problema histórico do comércio. O crédito consignado representou outro prejuízo sério para o setor, pois endivida o consumidor e retira dinheiro do mercado, diminuindo o consumo. O único beneficiado é o sistema financeiro, que tem uma operação sem riscos. Também sentimos um expressivo aumento de custos, com destaque para o item frete, refletindo os problemas das estradas. A concorrência do comércio informal é um câncer do setor. Estamos preocupados com o crescimento da informalidade e a complacência das autoridades diante do problema. No Litoral, durante o Verão, justamente na época de faturar, ocorre uma invasão de informais. Os leilões de mercadorias apreendidas pela Receita Federal também geram perdas agudas, especialmente em cidades de pequeno e médio porte. Mas o maior de todos os gargalos é a carga tributária. Trata-se de um verdadeiro confisco. O comércio enfrenta o agravante de não ter direito ao crédito do ICMS com luz e telefone.
DESAFIOS
- Os desafios do comércio são muitos. No ponto-de-venda será necessário readequar o mix de produtos, oferecer novos prazos de pagamento e modalidades de atendimento. O varejista precisará se reinventar no Brasil, onde a expansão de renda deve continuar apenas nas classes D/E , enquanto a classe média prosseguirá perdendo seu poder de compra.
Fonte: DC- por Simone Kafruni.